II - INTRODUÇÃO

Em setembro de 1997, às vésperas de uma viagem ao Brasil do ex-Presidente dos Estados Unidos da América, Bill Clinton, o governo norte-americano distribuiu um relatório aos empresários que faziam parte da comitiva presidencial, informando-os de que o Brasil tinha um mercado promissor, mas ao mesmo tempo os alertava para uma corrupção "ainda endêmica na cultura brasileira", a ineficiência do Judiciário e a fragilidade do sistema político.
 
Na ocasião, esse relatório causou um grande mal-estar diplomático e uma série de protestos nos altos escalões do Governo brasileiro.
 
Num gesto de boa vontade para com o povo brasileiro, o ex-Presidente Bill Clinton pediu desculpas em público e determinou que a palavra "endêmica" fosse retirada do relatório, deixando apenas a palavra "corrupção".
 
A retratação do ex-Presidente foi comemorada como uma grande vitória da diplomacia brasileira sobre a diplomacia norte-americana, e restaurou o orgulho ferido de nossos governantes, que acreditavam que, se varrendo a palavra "endêmica" para debaixo do tapete, o Brasil ser considerado um país apenas "corrupto", não afetaria a credibilidade do país no exterior.
 
Por quase duas décadas, os governos brasileiros que se sucederam aceitaram a acusação do Brasil ser um país apenas corrupto, mas sem qualquer adjetivo que viesse a alterar o significado, já pejorativo, da palavra corrupção. Tal situação perdurou até que o povo, com o auxílio das redes sociais na Internet, se organizou e saiu às ruas, exigindo dos seus governantes um basta à corrupção, que, além de endêmica, já se mostrava incontrolável.
 
Depois dessa manifestação de civismo e de patriotismo em todos os recantos do país, nunca observada antes do advento da Internet, o povo veio a tomar conhecimento que corrupção endêmica já grassava nos altos escalões da República e se ramificava para suas principais empresas estatais, as quais passaram a funcionar como verdadeiros bancos clandestinos, de onde contumazes políticos corruptos aliados a empresários inescrupulosos e gananciosos se organizavam, em diversas quadrilhas, para sacarem dinheiro sujo, a fim de alimentar suas campanhas eleitorais e/ou para depositá-lo em paraísos fiscais no exterior.
 
Citei tal fato, para mostrar que o verdadeiro caos em que o país vive atualmente deve-se, em grande parte, aos erros cometidos pelos nossos governantes desde 1997, que aceitaram conviver com a corrupção, ao invés de combatê-la.
 
Espera-se que a OAB NACIONAL e a OAB-RJ não cometam os mesmos erros desses governantes, no tocante às irregularidades e ilegalidades que são praticadas e toleradas nos julgamento de representações contra advogados, cujas ocorrências serão comprovadas no decorrer deste site.
 
É necessário que essas Ordens reconheçam, hoje, a existência dessas irregularidades e ilegalidades e procurem evitá-las, pois, mais cedo ou mais tarde, a Internet acabará por revelá-las.
 
WAUTERLÔ TEIXEIRA PONTES